Você tem sucesso, se destaca, preenche todos os requisitos… e ainda assim algo não está certo. Por trás de uma imagem impecável e de alto desempenho, muitas mulheres sentem uma fadiga persistente, uma pressão constante para ter um bom resultado. E se esse mal-estar tivesse um nome? Bem-vinda ao funcionamento interno da "síndrome da boa aluna".
Um legado educacional que molda comportamentos
Desde a infância, muitas meninas aprendem a ser agradáveis, estudiosas e conscienciosas. São elogiadas por sua seriedade, adaptabilidade e compostura. Enquanto isso, a ousadia, a experimentação e, às vezes, até a desobediência são mais facilmente toleradas — ou até mesmo incentivadas — nos meninos. Esse condicionamento sutil, porém persistente, certamente cria adultos brilhantes, mas, frequentemente, adultos mais preocupados com a validação externa do que com seus próprios desejos.
Este modelo educacional valoriza qualidades preciosas como a escuta ativa, a empatia e a confiabilidade, mas deixa pouco espaço para a autoafirmação ou a ambição assertiva. Como resultado, você se torna especialista em atender expectativas, às vezes em detrimento da sua motivação intrínseca, da sua energia física e da alegria de correr riscos.
Quando a perfeição se torna uma segunda pele
A "síndrome do bom aluno" nem sempre é visível. Ela se insinua no dia a dia por meio de reflexos bem apurados: querer fazer tudo perfeitamente, evitar conflitos, dizer sim mesmo quando o corpo implora por uma pausa. Você pode se destacar no trabalho, cuidar generosamente dos outros, enquanto, aos poucos, se negligencia.
Esse perfeccionismo não é apenas uma exigência intelectual; ele se manifesta também fisicamente. Tensão nos ombros, fadiga crônica, falta de ar: o corpo fala quando a mente impõe regras demais. E, apesar dos sucessos, a dúvida persiste. Você minimiza suas conquistas, teme cometer erros e, às vezes, adia projetos por medo de não ser "suficiente".
Sucesso que nem sempre rima com visibilidade.
No âmbito profissional, os profissionais de alto desempenho costumam ser pilares da equipe. Confiáveis, eficientes e dedicados, entregam um trabalho excepcional. No entanto, hesitam em se destacar, negociar ou pedir uma promoção. Esperam que seu mérito seja reconhecido espontaneamente, como na escola. Mas o mundo do trabalho também recompensa aqueles que ousam se manifestar e reivindicar seu espaço.
A longo prazo, essa desconexão pode gerar frustração e exaustão. A mente fica acelerada, o corpo se fatiga e a alegria de criar diminui. Algumas mulheres chegam a experimentar uma perda de sentido na vida, ou até mesmo uma ansiedade constante, apesar de uma vida que, aparentemente, é "bem-sucedida" no papel.
Mecanismos internos profundamente enraizados
Essa síndrome geralmente se baseia em crenças profundamente enraizadas: "se eu cometer um erro, perco meu valor", "preciso conquistar meu lugar". Esses padrões podem ser reforçados por experiências passadas exigentes ou desestabilizadoras. O cérebro emocional, então, associa o desempenho à segurança emocional.
O corpo também se adapta. Aprende a se manter firme, a suportar, a permanecer de pé mesmo quando precisa relaxar. No entanto, seu corpo é um aliado poderoso: ele sabe o que é certo, o que te nutre, o que te esgota.
Permitir-se outra forma de excelência.
Libertar-se da síndrome do "bom aluno" não significa abandonar suas habilidades ou seu compromisso com um trabalho de qualidade. Trata-se, sim, de redefinir a excelência: uma excelência viva e incorporada que respeita suas limitações. Trata-se de aprender a dizer não sem culpa, a experimentar sem tentar controlar tudo e a celebrar seus sucessos sem esperar aplausos.
Apoio como coaching ou terapias focadas na reflexão pode ajudar a atenuar essas respostas automáticas. Mindfulness, movimento livre ou simplesmente ouvir os sinais do corpo fortalecem a autoconfiança e o equilíbrio. Compartilhar com outras mulheres também ajuda a normalizar esses sentimentos e transformar a vulnerabilidade em força coletiva.
Da conformidade à liderança alinhada
Reconhecer essa síndrome já é um passo rumo à recuperação do poder. Porque por trás dessa "boa aluna" reside uma mulher criativa e intuitiva, capaz de uma liderança profundamente humana. Sua sensibilidade, inteligência emocional e linguagem corporal são grandes trunfos.
Resumindo, ser diligente não é o problema. O problema é sentir-se obrigado a ser assim para conquistar seu espaço. Ao se permitir ocupar espaço, confiar no seu corpo e nos seus desejos, você transforma a disciplina em liberdade. E esse tipo de liberdade é contagiante.
